As novas tendências e oportunidades no universo jurídico

As novas tendências e oportunidades no universo jurídico

 

Difícil, quase impossível. Levada para uma perspectiva de três décadas, até 2050, é nestas três palavras que poderia ser resumido um texto para explicar o que pede o título acima.

Diante da revolução tecnológica e das perspectivas que se abrem, apenas uma coisa é certa: as profissões ligadas ao Direito, e o advogado em particular, devem preparar-se para uma transformação radical no seu modo de trabalhar. As velhas filosofias podem, mesmo, ser substituídas por máquinas e algoritmos. Em vez de Platão, um pequeno computador que cabe no bolso.

 

 

Advogado como profissão vai acabar?

 

 

As discussões nesse sentido já esgotaram muitos livros. Filósofos, matemáticos, engenheiros e, claro, mestres em Direito, já escreveram e ainda debruçam-se sobre almofadas na tentativa de desvendar qual é o futuro do advogado e do Direito. Ao final de cada obra, restaram mais indagações do que respostas.

Enquanto Richard Susskind, no seu “The End of Lawyers? Rethinking the Nature of Legal Services” (O fim dos advogados? Repensando a natureza dos serviços jurídicos) especula se os computadores, com sua lógica matemática, vão substituir advogados e juízes, outros pensam no sentido diametralmente oposto.

 

 

Ensinar e aprender, isso sim mudará

 

 

Defendem estes que as novas tecnologias e as profissões que ainda não surgiram farão brotar novas e imensuráveis demandas por serviços jurídicos, fortalecendo a profissão de advogados. Mais do que isso, abrindo novas e promissoras áreas de atuação jurisdicional.

Todos, porém, pensam a mesma coisa: o Direito e a profissão de advogado, tal qual conhecemos hoje, não serão mais os mesmos. Como se ensina e como se aprende Direito, hoje, precisarão mudar completamente para acompanhar estes novos tempos.

 

 

Evolução com o marketing e computador

 

 

E estas mudanças já estão acontecendo. Em 1990, eram cerca de 10 as áreas de especialização dos advogados; hoje, são 48, segundo um grande escritório de advocacia de São Paulo. Mas, ao mesmo tempo, vieram os desafios: o Brasil tem atualmente cerca de 1.300 escolas de advocacia, mais do que Estados Unidos, Alemanha, Itália, França e China somados, e pouco mais de 1 milhão de advogados atuantes.

Esse turbilhão de advogados só vai sobreviver na profissão se souber evoluir também e, principalmente, se entender que não mais haverá advogados se não souber, conjuntamente, trabalhar muito bem com a informática (muito além do que trabalhar com o computador) e com o marketing, novos aliados do Direito.

 

 

Todos gigantes são da informática

 

 

Também os advogados terão que aprender a operar como grandes corporações. Aqueles pequenos escritórios, tipo faz tudo, tenderão a trabalhar apenas para a sobrevivência do próprio advogado, sem grandes luxos. A gestão corporativa chegou para ficar, também para advogados.

Há alguns sintomas disso já evidentes. Marcas como Coca-Cola, antes reinantes no mercado, foram deixadas para trás, substituídas por gigantes como Google, Microsoft, Amazon, Apple e Facebook, todas do setor digital. A nova marca, na verdade, dizem os pensadores, é a criatividade, não importando o tamanho da sua organização. Vide as startups que surgem a cada dia.

 

 

O paradoxo da profissão de advogado

 

 

Diante deste novo mundo, em que um simples smartphone hoje é milhares de vezes mais rápido do que os computadores da Nasa quando enviou um homem à lua, o advogado precisa reinventar-se. Para aqueles que acompanharem a evolução, resta a esperança de que as novas áreas que se abrem no Direito terão vagas para todos. Mas, atenção, todos os que evoluírem junto.

Este é o paradoxo do momento. Enquanto uns especulam pelo fim do advogado, outros exaltam o número de áreas que se abrem no Direito com as novas demandas sociais. Os pequenos escritórios, em todo caso, precisarão passar por séria reciclagem para sobreviver.

 

 

Grandes escritórios são corporações

 

 

Ou, pelo menos, para melhorarem seu faturamento. Estudo do jornal Gazeta Mercantil mostrou que 97% dos escritórios brasileiros trabalham com apenas cinco advogados, enquanto as 100 maiores bancas faturam cerca de R$ 24 milhões anuais cada uma, trabalhando com dezenas de profissionais e muitos estagiários.

A explicação de especialistas é clara: os grandes escritórios já entraram na era corporativa e trabalham com gestão profissional, explorando os melhores conceitos do marketing, dentro daquilo que permite o Código de Ética profissional. Essa gestão inclui o que há de melhor no marketing jurídico e as melhores ferramentas digitais.

 

 

Surgem novas áreas negociais

 

 

E, o que parece ser fundamental para o futuro da profissão, já está presente nesses grandes escritórios: treinamento profissional que vai além do conhecimento jurídico, incluindo competências no marketing, pleno conhecimento do mercado e gestão de negócios.

Com estes novos conhecimentos, criam-se novas habilidades e oportunidades no mundo do negócio jurídico. E não são poucas as áreas negociais que se abriram para os advogados nas últimas três décadas – meio ambiente, energia, mercado de capitais, agronegócios, fundos de investimentos e, mais recentemente, a arbitragem.

 

 

Para quem se aperfeiçoar, há esperança

 

 

Visto por este quadro e considerando-se que o novo advogado (e os antigos também) vai buscar a reciclagem, há espaço ainda para o crescimento profissional e o aproveitamento de todos aqueles que continuam a jorrar todos os anos das quase 1.300 faculdades de Direito que pululam pelo País.

Especialistas são otimistas ao citar que as novas áreas, no Brasil, continuarão a ter espaço a estes novos profissionais, desde que se aperfeiçoem nas novas tecnologias. Áreas como o Direito penal digital ou a consultoria em Direito digital já estão a reclamar por falta de advogados especializados.

 

 

Profissões acabam, outras surgem

 

 

Há ainda outras demandas de que muito temos ouvido falar pela imprensa, como a propriedade intelectual na era digital e, de forma especial, o comércio eletrônico, que têm gerado muita demanda e pouca oferta de especialistas, incluindo aqui o dano moral.

Enfim, o caminho aberto pela era digital, incluindo as redes sociais, parece mesmo ainda ter demanda profissional para muito advogado. Desde que observe a reciclagem profissional: especialistas alertam que, hoje, 60% dos jovens ainda aprendem profissões que não vão existir em duas décadas, enquanto percentual equivalente de profissões, para daqui a 20 anos, sequer foram inventadas. O advogado que souber unir seu conhecimento jurídico às essas novas demandas digitais, este sobreviverá.

Escrito por easycase

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