Quais áreas jurídicas estão sendo beneficiadas com o avanço tecnológico?

Se você é advogado ou estudante de Direito à espera de um computador que faça todo o serviço enquanto curte uma praia, esqueça, pelo menos para os próximos 50 anos. Depois disso, nem o escritor e ficcionista russo-norte americano Isaac Asimov, que morreu em 1992, poderia prever. Mas, uma coisa é certa: assim como todo o conhecimento e vida humana, também no Direito todas as áreas jurídicas são afetadas pelo avanço tecnológico.

E olha que Asimov sabia das coisas. Em 1964, previu o surgimento de inventos como micro-ondas, internet, fibra ótica, TVs com tela plana e micro chips, sem falar que antecipou que o século XX terminaria com muitas pessoas afetadas pela depressão.

Será mesmo o fim dos advogados?

As maravilhas previstas por esse gênio da ficção científica, com certeza, assustaram a partir de seus artigos no The New York Times, mas, não devem tirar do sério os jovens ou experientes advogados de hoje. Há algumas previsões terríveis sobre a profissão, como a do inglês Richard Susskind, em seu livro O Fim dos Advogados? (The End of Lawyers?)

Sua célebre frase “a lei não existe para dar emprego a advogados, nem a doença para os médicos” ainda incomoda muita gente. Mas, o certo que computadores ‘inteligentes’ já tiram o emprego de milhares na área do Direito.

Cerca de 31 mil postos de trabalho a menos

Pelo menos nos Estados Unidos, mostra pesquisa da consultoria Deloitte. Lá, softwares avançados ocuparam nos últimos anos cerca de 31 mil postos de trabalho nas áreas do Direito e, em 20 anos, devem arrematar cerca de 40% dos trabalhos do setor. Previsão catastrófica? Talvez nem tanto. Depois que o novo Código de Processo Civil foi aprovado, em 2015, surgiram no Brasil as câmaras de mediação, um trabalho judicial executado por empresas privadas.

E, nestas, o computador avança e ganha espaços que seriam de profissionais humanos do Direito, talvez advogados, em diversas áreas jurídicas. Em Brasília, uma startup chamada Sem Processo intermedia e apressa disputas através de chatbots – programa que simula conversa humana.

Em segundos, trabalho de horas

Com a presença de um advogado, os interesses em disputa são avaliados e sai logo um acordo, sem a presença de juiz. Em todo Brasil, já são sete legal tech que fazem esse tipo de serviço, ajudando a tirar cerca de 270 mil processos por ano da Justiça. E os exemplos dessa intromissão da máquina no trabalho do homem não para por aí.

No Canadá, o advogado virtual Ross, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Toronto, consulta milhões de arquivos e em segundos identifica documentos que podem ser importantes para o caso ao qual foi consultado. Para o estagiário que faria esse trabalho num escritório de advocacia, seria tarefa para algumas horas.

O Watson já desembarca no Brasil

A engenharia civil é uma das áreas do conhecimento fortemente impactada pelas novas tecnologias, assim como a agronomia nos campos. Com drones adaptados, os engenheiros conseguem vistoriar obras em minutos, coisa que exigiria horas pelos métodos antigos. E os drones conseguem fazer medições milimétricas, sem erro. Isso é trabalho que auxilia bastante na elaboração de processos em várias áreas jurídicas.

E o robô Watson, da IBM, já está chegando ao Brasil. Alguns grandes escritórios, especialmente em São Paulo, já começam a receber esse advogado virtual, também capaz de analisar milhões de documentos e dar as respostas exigidas em segundos. Vai, com certeza, dar mais agilidade à elaboração de processos, melhorar a produtividade nessas grandes bancas e substituir estagiários e jovens advogados.

Um advogado virtual muito esperto

Não se trata, portanto, de ficção científica, mas, de realidade que já está acontecendo entre nós, com decisiva influência em várias áreas jurídicas – para o bem e para o mal da profissão. Que esses softwares vão tirar muitos postos de trabalho, não tenha a menor dúvida. As low tech e legal tech estão aí provando isso.

Ainda no Exterior, mais precisamente em Londres, Inglaterra, um estudante de 19 criou o aplicativo DoNoPay, depois de receber sua 30ª multa de trânsito. Este advogado virtual fez sua defesa, ganhou todas as causas e ainda levou elogios do mundo inteiro, incluindo grandes jornais. As multas eram injustas.

Muitos benefícios com a informática

Todas as áreas jurídicas, portanto, tendem a ser afetadas pelas novas tecnologias, numa velocidade que hoje é impossível prever. Para o bem e para o mal da profissão, repita-se. Entretanto, é possível identificar, também, muitas áreas jurídicas em que estas novas tecnologias entram beneficiando o profissional. A gestão do negócio jurídico é uma delas, em diferentes sentidos – da agilização de processos até o controle financeiro da empresa. Vejamos quais são essas áreas jurídicas que podem ser impulsionadas pela tecnologia:

  1. Gestão administrativa do escritório;
  2. Elaboração de peças jurídicas, evitando tarefas repetitivas, o que resulta em maior produtividade;
  3. Consulta eletrônica a processos, dispensando a ida a Fóruns e Tribunais;
  4. Encaminhamento eletrônico de processos;
  5. Armazenamento, controle e consulta a documentos;
  6. Melhorou a padronização de processos, o que facilita o trabalho de profissionais do Direito em todas as áreas jurídicas;
  7. O compartilhamento de documentos de forma instantânea, o que facilita o trabalho dos advogados, principalmente em equipe;
  8. Melhorias sensíveis na comunicação entre profissionais e destes com seus clientes;
  9. Conferência e encontros online, o que dá mais agilidade ao trabalho jurídico;
  10. Conferência online para juízes com réus e testemunhas, o que também dá mais agilidade aos procedimentos em todas as áreas jurídicas.

Futuro que chega bastante rápido

Como se vê, se o avanço tecnológico pode assustar muito o advogado, apontando para horizontes sombrios para a profissão num futuro ainda incerto, também pode ajudar – e muito – nos tempos atuais. E isso em todas as áreas jurídicas, da elaboração de processos ao controle financeiro das empresas. O Ross, o Watson, o DoNoPay e as legal tech devem mesmo preocupar, mas, não ao ponto de assustar.

Por enquanto, são ferramentas úteis para a agilização do trabalho, inclusive na área do marketing, indispensável hoje para o crescimento do negócio jurídico. É certo que, em todas as áreas jurídicas, essas novas tecnologias ainda vão roubar muito posto de trabalho, especialmente de estagiários e jovens advogados. Trabalhar com inteligência e prospectar essas novas tecnologias parece ser, para os advogados, a única salvação. O futuro já chegou, mas, ao mesmo tempo, nem Isaac Asimov poderia detalhá-lo hoje.

 

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Escrito por Easycase

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